10/05/2019

infinito







        de onde vim um vasto
        vazio degradava os
        pés feridos cambaleavam sobre
        pedras olhos
        turvos perseguiam
        luz

        errantes as ruas afrontavam
        os dias corrompiam
        as mãos sob
        trapos solitárias as
        noites
        extraviavam se

        súbito as horas
        mortas adivinhavam
        teu corpo longínquo o
        sossego de tua voz

       
=

        de onde te pressentia
        as tardes revestiam se
        de vinho

        ansiosos os olhos sondavam
        tua voz

de onde te adivinhava
as ruas claras
sugeriam promessas
       
os pés atreviam se
nas águas

o mar insinuava luas


=

        de onde te avisto os
        morros desenham desejos
        nas janelas

        cedo o sol invade
        alegra nossa cama

        há nas manhãs um sonho
        rebrotando um
        abrigo

        de árvores se
        erguendo

        de onde te toco as
        as pedras alçam
        lares

        a lua penetra leve
        acinzenta as paredes

        nas noites o odor
        do vinho aventura se
        em nossos corpos

        abrem se incomensuráveis
        caminhos de terra


Adair Carvalhais Jr

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