11/26/2015

noturno



o rio que molhava
meus pés trazia de 
longe a memória acre
das árvores os sonhos

íntimos das
pedras

transbordava a vastidão
das areias
ancestrais

o rio que atravessava
meu corpo levava
pra longe a angústia
muda dos peixes o vigor

das
matas

saciava os desejos
das margens
desmedidas

o rio da minha
meninice revolve se
na lama escura sufoca

na aridez mineral

o rio da minha
vida arrasta a 
morte para todos

os lados agoniza

a terra 

o horizonte

a esperança


Adair Carvalhais Júnior

Nenhum comentário: