6/11/2016

Travessia


    

                Hoje a chuva e o vento entraram pelo portão. Sim, o tempo mudou mas, como podes ver, ele permanece aberto. Lá mesmo, onde os girassóis amarelam nossa tarde.
                Também por ele penetram teus silêncios. E através dele meus olhos perseguem o conforto de teu sorriso.


                Eu vou. Meus passos encaram serenos a distância: sabem que ela me entregará teus campos abertos.
                Carrego aqueles vinhos de Espanha. Rubros, eles acendem na noite o calor de tuas pernas.
                Eu vou. Pois no suor da minha pele reconheço o perfume das manhãs em que te amei.
                Embarco ainda os lençóis macios. Há muito eles testemunham o incomensurável espaço que ocupas em minha casa.

                Eu vou. Pois minhas mãos tocam as tuas. E sabem que teu portão também permanece aberto. Desde aquele dia infinito.

Poema e foto: Adair Carvalhais Jr.

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