Hoje a chuva e o vento entraram
pelo portão. Sim, o tempo mudou mas, como podes ver, ele permanece aberto. Lá
mesmo, onde os girassóis amarelam nossa tarde.
Também por ele penetram teus
silêncios. E através dele meus olhos perseguem o conforto de teu sorriso.
Eu vou. Meus passos encaram
serenos a distância: sabem que ela me entregará teus campos abertos.
Carrego aqueles vinhos de
Espanha. Rubros, eles acendem na noite o calor de tuas pernas.
Eu vou. Pois no suor da minha
pele reconheço o perfume das manhãs em que te amei.
Embarco ainda os lençóis macios.
Há muito eles testemunham o incomensurável espaço que ocupas em minha casa.
Eu vou. Pois minhas mãos tocam
as tuas. E sabem que teu portão também permanece aberto. Desde aquele dia
infinito.
Poema e foto: Adair Carvalhais Jr.
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