7/10/2008

lar


inalcançáveis as

calçadas onde brincávamos as

árvores escondidas sob

viadutos atrás

de trincheiras irremediavelmente


perdidas as enxurradas onde

lambuzávamos nossos

pés sempre

descalços completamente

empoeirados


as casas pequenas com

varandas os olhares

vizinhos um tanto

de lotes

vagos


as ruas não

me

acolhem


2 comentários:

Bee-a disse...

esse sentimento de não pertencer à rua me acompanha desde sempre... como será brincar fora do espaço de si? como poderia ser ocupar como seu um lugar que também é do outro? o que nos traz e o que perdemos ao cercar nossos espaços nos domínios do indivíduo e nos privar dos furtivos olhares vizinhos? e esse ensimesmamento? solidão? ...

Adair Carvalhais Júnior disse...

perguntas de um mundo novo, que não permite mais a convivência, o avizinhamento. Alguns, como eu, perderam. Outros, como você, nunca tiveram.