I -
Os que passam rompem a paisagem, avançam sobre neblinas.
Walden Carvalho
nos dias mornos
a grama cresce
branda e silenciosa
tudo existe
à margem
e o tempo se ampara
na majestade das árvores
II-
Quem espera (...) faz parte da solidão de quem passa.
Walden Carvalho
passos decididos assediam
cada esquina
da terra
corpos inquietos exploram
as vizinhanças
sopra um vento remoto
entre as dobras do tempo
nos dias vastos
III-
os que silenciam entrelaçam
sua solidão na carne
dos que passam
os que resistem abraçam
as lembranças incrustam se
na paisagem
que não tem sentido
sem os que se deixam
levar
Adair Carvalhais Júnior
(poema e foto)
12 comentários:
Adair, direi algo mais no buteco ou na letras, mas aqui só uma nota rápida: muito bom, mesmo, meu amigo! Que alegria ler este poema!
Beijo, bom domingo!
Sol
Obrigada por esses versos que me fazem "transitar" no recôndito de minha alma desejosa de mais desejos.
Dília
faço eu o 1º - e, para não variar, digo que é um excelente poema.Beijo
Sol, Dília e Amélia
Este poema me deu um enorme trabalho, várias dificuldades num caminho que, espero, seja frutífero.
Saber que vocês, de tão bom gosto, o apreciam, me deixa muito feliz: valeu a pena.
Mais uma vez, porque ele merece muitos:
Nunca foi tão boa e tão forte essa sensação de estar cruzando neblinas.
O caminhar sempre me interessou de uma forma inconsciente, ou melhor, impensada. Mas sempre da perspectiva do caminhante. Estes versos me ilustram com perfeição a perspectiva de todos os, por assim dizer, caminhados: os que ficam e os que são levados. O cenário é mais amplo, e talvez por isso mais belo e sofrido. Só agora percebo que tinha uma imagem incompleta.
Com esse poema você acaba de me dar a perfeita definição do tempo.
Ju
Todo poeta gostaria de definir o indefinível. E o tempo é o maior destes indefiníveis.
Mas se para você este poema define o tempo ele, o poema, está completo e perfeito. E eu, o poeta, completamente realizado.
Temporalidade, silêncio e solidão: na linha do Homem, delineando suas margens, é o que o entrelaça na própria carne. O trânsito das paisagens não só é contexto, mas a própria condição de quem passa. Imagens e palavras muito bem entrelaçadas. Gostei muito, Adair. Denise.
Seja muito bem vinda.
Obrigado pela re-leitura do poema.
um abç
transito na viagem do conhecimento nesta linda estação!
Um grande abraço,poeta genial.
Mari
Outro abração, Mari exagerada.
E também "O mundo do rio não é o mundo da ponte" (Guimarães Rosa) Sabe, essa sua poesia está nesse mesmo nível, para mim.
No nível de Rosa, Ana Cláudia ? Uau, que prestígio !
Que bom que vc gostou tanto assim.
Apareça mais.
Obrigado.
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