9/22/2014

avesso


                        
há versos que crescem
vigorosos no solo fértil
do silêncio

com eles constroem
se muros pontes sobre
eles saltam telhados erguem se
moradas

versos escuros que se
espalham espessos
sobre as horas
incertas depositam

se na bruma
acre com eles
penetram se noites ferem
se ausências

versos ferozes que
se rebelam enfrentam
barragens carregam

pedras açoitam as
margens com eles ignoram se
esperas rompem se
fronteiras

mas os versos não são
noites nem árvores tampouco
corredeiras

os versos são inúteis
                       


Adair Carvalhais Júnior

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