tanta água sem
rumo sem caminho presa
nas esquinas invadindo
janelas
tanta água sem saída
revirando barro sem
tino devastando
ruas
espremidas entre
muros soterradas na
imundície morrem
nas valas estreitas águas
sem destino desencontradas
do mar
Adair Carvalhais Júnior
15 comentários:
de como transformar uma tragédia em beleza!
Maravilha. Pode até ser que esteja sendo muito mais difícil escrever agora, e realmente faz falta ler um poema seu por semana ou mais, mas eu não canso de dizer como acho que essa "nova fase" tem valido a pena (para mim, como leitora, que continuo não tendo nenhum trabalho além do de ler e ouvir, rs).
Vou tentar explicar melhor com mais tempo e um copo de vodka na mão, mas a verdade é que eles nunca me pareceram mais claros e mais profundos.
Tromba d'água intensa. Adorei o poema!
[quando o mundo se faz margem maior,
não sabe da foz, a nascente de todas as águas]
um abraço,
Leonardo B.
...
Se não fizermos assim, né Amélia ?
Espero que estejam realmente melhores por que o esforço tem sido cada vez maior.
Obrigado Flávia.
Volte sempre.
Tem toda razão, Leonardo.
Obrigado Ana Cláudia.
Sempre tenho dificuldade ao comentar um poema,não há como decifrar a alma do poeta,quando compõe um verso...
Creio,até para alma,há um momento de desconcerto.
Obrigada,por acolher-me,tão bem,em seus espaços.
Boas energias!
Mari
E pensei mais: O poema é por natureza difícil e fácil, e sempre as duas coisas ao mesmo tempo. Porque se é fácil compreendê-lo no sentido e na essência (o que quase nunca acontece, eu acho) passa a ser difícil lidar com o que ele tem a dizer. E há casos em que ele penetra sem problemas, se dilui e vira lembrança, e saímos a cantarolá-lo por aí, e por outro lado ainda não conseguimos "entendê-lo". Resta ao poeta (e ao leitor) decidir qual dos dois tipos de poema é pretendido. Eu, por mim, prefiro o poema do desconcerto; talvez por isso tenha falado de clareza e complexidade, ao mesmo tempo. Porque mesmo no caso deste, que é tão limpo como água ("água", entendeu? :P saiu sem querer), existe uma parte de mim que pensa dele mais e espera dele mais, e mesmo que o resultado dessa relação termine por não ser fruto de reflexão, de diálogo, de dias e dias dedicados ao esforço de compreendê-lo, eu sei que a parte dele na lembrança que ele formou em mim ainda não chegou nem a começar, e dele logo sairá algo novo. E mais profundo por ser assim: tão simples.
Isto pede alguns copos de vodka, JJardim.
Você é sempre bem vinda, Mari.
Eu que agradeço os comentários gentis.
Tomemo-los então, Acju. Pode até ser com xadrez.
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