1/20/2012

desconcerto

tanta água sem
rumo sem caminho presa
nas esquinas invadindo
janelas

tanta água sem saída
revirando barro sem
tino devastando
ruas

espremidas entre
muros soterradas na
imundície morrem
nas valas estreitas águas
sem destino desencontradas
do mar


Adair Carvalhais Júnior

15 comentários:

Amélia disse...

de como transformar uma tragédia em beleza!

Julia Jardim disse...

Maravilha. Pode até ser que esteja sendo muito mais difícil escrever agora, e realmente faz falta ler um poema seu por semana ou mais, mas eu não canso de dizer como acho que essa "nova fase" tem valido a pena (para mim, como leitora, que continuo não tendo nenhum trabalho além do de ler e ouvir, rs).
Vou tentar explicar melhor com mais tempo e um copo de vodka na mão, mas a verdade é que eles nunca me pareceram mais claros e mais profundos.

Flávia Amaro disse...

Tromba d'água intensa. Adorei o poema!

Breve Leonardo disse...

[quando o mundo se faz margem maior,

não sabe da foz, a nascente de todas as águas]

um abraço,

Leonardo B.

Ana Claudia disse...

...

Adair Carvalhais Júnior disse...

Se não fizermos assim, né Amélia ?

Adair Carvalhais Júnior disse...

Espero que estejam realmente melhores por que o esforço tem sido cada vez maior.

Adair Carvalhais Júnior disse...

Obrigado Flávia.

Volte sempre.

Adair Carvalhais Júnior disse...

Tem toda razão, Leonardo.

Adair Carvalhais Júnior disse...

Obrigado Ana Cláudia.

Mari Amorim disse...

Sempre tenho dificuldade ao comentar um poema,não há como decifrar a alma do poeta,quando compõe um verso...
Creio,até para alma,há um momento de desconcerto.
Obrigada,por acolher-me,tão bem,em seus espaços.
Boas energias!
Mari

Julia Jardim disse...

E pensei mais: O poema é por natureza difícil e fácil, e sempre as duas coisas ao mesmo tempo. Porque se é fácil compreendê-lo no sentido e na essência (o que quase nunca acontece, eu acho) passa a ser difícil lidar com o que ele tem a dizer. E há casos em que ele penetra sem problemas, se dilui e vira lembrança, e saímos a cantarolá-lo por aí, e por outro lado ainda não conseguimos "entendê-lo". Resta ao poeta (e ao leitor) decidir qual dos dois tipos de poema é pretendido. Eu, por mim, prefiro o poema do desconcerto; talvez por isso tenha falado de clareza e complexidade, ao mesmo tempo. Porque mesmo no caso deste, que é tão limpo como água ("água", entendeu? :P saiu sem querer), existe uma parte de mim que pensa dele mais e espera dele mais, e mesmo que o resultado dessa relação termine por não ser fruto de reflexão, de diálogo, de dias e dias dedicados ao esforço de compreendê-lo, eu sei que a parte dele na lembrança que ele formou em mim ainda não chegou nem a começar, e dele logo sairá algo novo. E mais profundo por ser assim: tão simples.

Adair Carvalhais Júnior disse...

Isto pede alguns copos de vodka, JJardim.

Adair Carvalhais Júnior disse...

Você é sempre bem vinda, Mari.
Eu que agradeço os comentários gentis.

Julia Jardim disse...

Tomemo-los então, Acju. Pode até ser com xadrez.