6/03/2015

velho


entranhar os pés na
terra irradiar
raízes saber se

árvore fundo
e lentamente
                       
feito rochas
sábias permitir se
alicerces erguer

brandas
passagens

como águas
remotas brotar nas
rugas do solo insinuar se

orvalho nas casas nas  
sombras nos

descampados



Adair Carvalhais Júnior

4 comentários:

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

Lindo...simplemente poético!

Abraço do Pedra

www.pedradosertao.blogspot.com.br

Adair Carvalhais Júnior disse...

Este é um poema antigo, de que cada vez gosto mais.

Obrigado pela visita e pelo comentário, Pedra.

Abraços

Nálu Nogueira disse...

Lindo poema, linda imagem da maturidade.
Mas essa serenidade, essa aceitação, essa beleza da velhice, eu não estou certa, ainda, se são coisas reais ou se são características impostas pela ficção, para nos fazer acreditar que alguma vantagem há de existir no processo de morrer.
Porque, no fim, envelhecer é isso: ver-se morrendo, todo dia um pouco.

Adair Carvalhais Júnior disse...

Sim, envelhecer é justamente isto. Eu poderia dizer, também, que viver é isso: morrer todo dia um pouco. Desta forma aceitar a vida como ela é inclui aceitar a morte como decorrência natural da vida.
Não seria ficção justamente o contrário: não aceitar a morte ?